segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Soneto do olho do cu

Obscuro e pregueado cravo violeta
Respira, humildemente no meio da espuma
Inda úmida de amor que em doce encosta ruma
Da brancura da bunda à beirada da meta.
Filamentos tais como lágrimas de leite
Choraram, sob o vento cruel que os repele,
Através de coágulos de barro em pele,
P’ra se perder depois onde a encosta os deite.
Mi’a boca se ajustou muita vez à ventosa
Minh’alma, do coito material invejosa,
Fez ali lacrimal e de soluços ninho.
Azeitona em desmaio e taça carinhosa
O tubo onde desce celeste noz gostosa
Canaã feminino em suor muradinho!

Arthur Rimbaud e Paul Verlaine
Tradução de Marcos Silva


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